Existe uma quantidade astronômica de vinhos no mundo. Há várias formas de categorizar os diferentes tipos de vinho, e cada uma está relacionada à um critério específico.
As classificações seco, meio seco e suave dizem respeito à quantidade de açúcar que um vinho contém.
Como este é um tema geralmente polêmico e alvo de mitos e preconceitos, este artigo é feito para você conhecer de forma clara e objetiva as diferenças entre essas classificações e responder às seguintes perguntas:
- Como é feita a classificação dos vinhos em suave, meio seco e seco?
- De onde vem o açúcar do vinho?
- Vinho meio seco é doce?
- Qual a diferença entre suave e doce?
- Qual o melhor tipo de vinho: seco, meio seco ou suave?
- Dica de amigo: o que é mais importante ao escolher um vinho?
Saber identificar os diferentes tipos de vinho de acordo com a quantidade de açúcar que eles contêm vai te ajudar a ter maior autonomia na hora de escolher. Assim, você não vai se sentir mais perdido quando estiver em uma adega de supermercado, empório especializado ou restaurante.
Como é feita a classificação dos vinhos em suave, meio seco e seco?
Cada país tem a sua classificação e critérios próprios para categorizar os vinhos segundo a quantidade de açúcar. Os produtos comercializados no nosso país, sejam nacionais ou importados, devem ser rotulados de acordo com a legislação brasileira. Por isso é importante que você conheça a classificação de acordo com ela.
A nossa legislação tem uma classificação diferente para vinhos tranquilos, espumantes e vinhos fortificados, conforme a tabela abaixo (fonte: https://www.uvibra.com.br/legislacao_portaria229.htm):
Vinhos tranquilos
Seco: máximo 4,0 g/l
Meio Seco ou Demi-sec: máximo 25,0 g/l – mínimo 4,1 g/l
Suave ou Doce: máximo 80,0 g/l – mínimo 25,1 g/l
Espumantes
Brut Nature: máximo 3,0 g/l
Extra-brut: máximo 8,0 gl – mínimo 3,1 g/l
Brut: máximo 15 ,0g/l – mínimo 8,1 g/l
Sec ou seco: máximo 20,0 g/l – mínimo 15,1 g/l
Demi-sec ou meio seco: máximo 60,0 g/l – mínimo 20,1 g/l
Doce: máximo 80,0 g/l – mínimo 60,1 g/l
Vinhos fortificados
Seco ou Dry: máximo 20,0 g/l
Doce: máximo 80,0 g/l – mínimo 20,1 g/l
De onde vem o açúcar do vinho?
A presença de açúcar no vinho é uma preocupação constante dos consumidores, seja por uma questão de gosto (há quem não goste de vinho doce ou seco), de dieta (há quem esteja numa fase de restrição de açúcar) ou de saúde (há quem tenha diabetes ou outro problema de saúde).
O açúcar no vinho pode ser natural e vir da própria fruta ou ser adicionado na forma de sacarose.
Vinhos com adição de açúcar são geralmente feitos com uvas de mesa americanas, como Bordô ou Isabel. Por esse motivo, na sua grande maioria, não entram na classificação de vinhos finos e sim vinhos de mesa.
Entre os melhores vinhos que possuem dulçor natural, pode-se destacar os Colheita Tardia (Late Harvest) e Botritizados, Vinho do Gelo (Eiswein), Vinho do Porto, Vinho Madeira, Moscatel de Setúbal e o espumante Moscatel.
Para saber se um vinho tem adição de açúcar ou não, basta olhar no contrarrótulo da garrafa, onde estão discriminados os ingredientes do produto, e verificar se ali está indicado que o vinho tem sacarose ou não.
Vinho meio seco é doce?
Existe o mito que “vinhos meio secos são doces”.
Como na legislação brasileira a classificação “meio seco” é muito abrangente, é possível encontrar vinhos meio secos que, no paladar, estejam mais próximos dos vinhos secos, enquanto outros sejam claramente mais doces. Porém, nem tudo é farinha do mesmo saco.
Você não pode esperar que um vinho com 23 gramas de açúcar por litro seja igual a um com 4,3 gramas de açúcar por litro, apesar de os dois serem considerados meio secos.
Apesar disso, para nossa infelicidade, a quantidade exata de açúcar que um vinho contém não vem descrita no rótulo. A nossa legislação obriga apenas as classificações mais genéricas (seco, meio seco e doce ou suave). Por isso, infelizmente, não é possível saber se um vinho meio seco tem mais ou menos açúcar residual.
Se você tiver dúvida, a melhor saída é contar com uma orientação profissional, seja a de uma sommelière ou sommelier, seja de especialistas no assunto.
Qual a diferença entre suave e doce?
A expressão “suave” é grande fonte de desentendimento para quem está começando a tomar vinho, porque pode ter dois significados.
Por um lado, ela diz respeito à textura do vinho, ou seja, à maciez e sensação aveludada que alguns vinhos apresentam no paladar. Essa característica pode ser encontrada tanto em vinhos secos, quanto nos meio secos e suaves.
Ela não está ligada, portanto, unicamente à quantidade de açúcar, mas a outros fatores, como o tipo de uva, o nível de maturidade dos taninos, o envelhecimento do vinho em garrafa ou seu amadurecimento em barris de carvalho.
Por outro lado, essa expressão também indica a classificação legal que chama de “suave” os vinhos com maior quantidade de açúcar (natural ou adicionado) e que, por esse motivo, são mais doces.
Quando se fala do nível de dulçor de um vinho (e não da sensação em boca que ele causa), de acordo com a legislação brasileira, não há diferença entre usar a expressão “suave” ou “doce”, porque, nesse sentido, elas são sinônimas.
Qual o melhor tipo de vinho: seco, meio seco ou suave?
Falar sobre qual tipo de vinho é melhor ou pior é sempre um tema polêmico, pois envolve opiniões radicalmente diferentes e, geralmente, muito misticismo sobre esse ponto.
Os mitos mais comuns sobre esse assunto são:
- Vinho de verdade é vinho seco
- Todo vinho suave é ruim
- Vinho suave não é vinho
- Todo vinho meio seco é doce
E a lista continua ladeira a baixo…
O fato é que existem vinhos maravilhosos e de altíssima qualidade em todos os estilos. Portanto, não dá para bater o martelo definitivamente e dizer que certo tipo de vinho é melhor e o outro é pior. Ou que um certo estilo de vinho é “verdadeiro” e outro “falso”.
O que podemos dizer – e descobrir com o tempo – é qual tipo de vinho nos agrada mais ou menos, sem desqualificar aqueles que não gostamos.
Dica Zahil
Se você tiver interesse em provar os tipos de vinhos que citamos neste artigo, o site da Zahil tem ótimas opções de vários estilos com bons preços. Abaixo estão algumas indicações preciosas:
Rutini Cabernet-Malbec (Rutini Wines, Argentina, Mendoza)
Vinho tinto seco
Corte: 50% Cabernet Sauvignon, 50% Malbec
Madeira: 12 meses
Descrição: Grande sucesso no Brasil, é um vinho agradável e sedoso. A Cabernet contribui com a estrutura e a Malbec com fruta madura e taninos sedosos, num vinho à moda européia: delicado, equilibrado e de perfumes sutis.
Urceus Primitivo di Manduria (Cantolio, Puglia, Itália)
Vinho tinto meio-seco
Corte: 100% Primitivo
Madeira: passagem parcial
Descrição: Urceus faz referência a uma jarra, um cântaro, de uma só asa usado pra servir água ou vinho na antiguidade. Seu nome é usado para o Primitivo di Manduria da Cantólio, cujo equilíbrio alcançado entre seu sabor concentrado e frescor o diferencia dos exageros que podem acometer a variedade e a região. Notas balsâmicas e florais dão profundidade à fruta madura.
Callia Tardío Dulce (Callia, Argentina, San Juan)
Vinho branco doce
Corte: 100% Torrontés
Descrição: A uva Torrontés faz vinhos florais e frutados, que se encaixam perfeitamente no estilo dos “Colheita Tardia”: delicadamente doces, são uma ótima opção para acompanhar sobremesas de frutas brancas ou de caroço.
Texto por Oscar Vinicius Sillmann – Colaborador Zahil Campinas.