Da série: Fiel às Origens 

Imagine, na sua mão, um vinho italiano que você nunca provou. Como você pode prever os sabores do líquido dentro da garrafa (sem uma bola de cristal envolvida nesse processo)?

Um caminho comum é conhecer as principais uvas e a forma de produção de cada uma das regiões italianas. Mas isso exige estudo e uma memória para lá de especial. Outro caminho é ter experiência bebendo vinhos italianos, mas isso exige “tempo de estrada”.

Mas e como fica o pessoal que quer escolher um bom vinho italiano, sem precisar estudar uma apostila ou acumular anos de experiência?

Um pouco de cultura geral costuma ser suficiente para guiar essa escolha. Como os vinhos são a expressão viva de sua terra natal, conhecer a cultura da região pode te dar mais pistas sobre o vinho do que você imagina.

Nesta série de três artigos, vamos te mostrar como a cultura do Sul, Centro e Norte da Itália estão representadas nos vinhos de três renomados produtores de cada uma dessas regiões, respectivamente: Nicosia, Uggiano e Massolino.

Abaixo vamos explorar o Sul da Itália com o produtor Nicosia.

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Nicosia: A Sicília em sabores de vinho italiano

Pousamos no Sul da Itália, a região mais ensolarada do país.

Devido ao clima mediterrâneo, solo fértil e proximidade com o mar, a Sicília sempre foi uma região agrícola muito importante. Durante séculos, ela alimentou Impérios com uma diversidade de produtos agrícolas, como trigo, olivas e uvas.

Porém, foi justamente essa cultura agrícola, marcada por grandes latifúndios, ausência de um Estado forte e fragmentação do poder, que criou o cenário para a ascensão da famosa máfia siciliana – retratada amplamente em filmes como O Poderoso Chefão e Salvatore Giuliano.

A agricultura continua sendo importante, mas, atualmente, a principal atividade econômica da Sicília é o turismo – cresceu 30% nos últimos cinco anos! A cada ano, a região atrai milhões de visitantes com suas belezas naturais e seus resorts de alto luxo, como o Belmond Grand Hotel Timeo e o Villa Igiea.

Claro que esse clima acolhedor também vibra nos corações dos habitantes da região. O “italiano do Sul” é conhecido por sua hospitalidade calorosa e despreocupação com a vida — características que lembram nosso “jeitinho brasileiro”, não é mesmo?

Essa conexão não é mera coincidência. Durante o final do século XIX e início do XX, milhares de italianos emigraram para o Brasil, sendo que 40% de toda essa emigração foi apenas de famílias vindas da Sicília. Com certeza, podemos dizer que o “jeitinho brasileiro” tem um quê siciliano na mistura.

A alma cativante siciliana também domina os vinhos da região. E a vinícola Nicosia é capaz de capturar essa essência como ninguém.

Seus vinhedos localizados ao redor do vulcão Etna, em diferentes altitudes, dão aos vinhos características expressivas e autênticas.

O Nicosia Nerello Mascalese é um clássico siciliano. Ele é feito da uva Nerello Mascalese, a uva referência da região. Tem um perfil refrescante, de sutil complexidade e excelente estrutura. É o exemplo perfeito de como a espontaneidade pode ser elegante.

O Lenza di Munti Etna Rosso é um vinho delicado e, ao mesmo tempo, complexo. É um blend das uvas tintas típicas da região: Nerello Mascalese e Nerello Cappuccio.

É um vinho perfumado, com aromas de frutas vermelhas frescas acompanhadas do toque mineral “vulcânico”. Possui uma textura vivaz com taninos macios, o que faz dele um vinho gastronômico e versátil.

Agora, para “rolar no terroir do Etna” (sem se sujar de terra), você pode escolher o Contrada Monte San Nicolò Etna Rosso.

É elaborado através de uma cuidadosa seleção das uvas Nerello Mascalese e Nerello Cappuccio, cultivadas em um dos principais “crus” de vinhedos no entorno do Etna.

É um vinho suculento, com taninos bem trabalhados e persistência que surpreende. É a autenticidade siciliana embrulhada no alto luxo.

Se você é daqueles que, como o italiano do sul, tem um espírito livre e caloroso, mas valoriza a alta qualidade – os vinhos da Nicosia vão te surpreender.

Sem dúvida, explorar os vinhos italianos vai muito além de simplesmente degustar rótulos. É perceber como o vinho pode absorver a cultura, a história e o povo do local.

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