Vendo de perto os grandes terroirs de Portugal
O consumo está mudando. As condições climáticas também. Em meio a especulações e diferentes cenários, cabe ir atrás das fontes certas. A convite do prestigiado grupo português SOGRAPE, que leva sua chancela de qualidade há décadas para o mundo do vinho e cujas importações são feitas com exclusividade pela Zahil no Brasil, fomos para a Sogrape Terroir Experience 2024, imersão que reúne playersde diferentes mercados para experienciar “in loco” os cuidadosos processos de produção e os investimentos que estão sendo feitos em prol da sustentabilidade.
A programação intensa mesclou networking e reuniões de negócios com visitas a vinhedos e adegas dos principais nomes no Alentejo, Douro e Porto: Herdade do Peso, Casa Ferreirinha, Porto Ferreira e Sandeman. Tudo com muito vinho, é claro, mas, mais importante ainda, com muitos bons vinhos.
Herdade do Peso (Alentejo)
O Alentejo é convidativo por si só: um território no centro-sul do país que engloba desde as encostas da Serra de São Mamede ao seu norte até as ensolaradas e quentes planícies do sul e oferece uma diversidade riquíssima de climas, solos e uvas. Só na Herdade do Peso são cerca de 160 hectares de vinhedos, de onde saem fine wines que estão mudando o paradigma da região, tais como Revelado, Parcelase outros (todos disponíveis no Brasil – vale saber).
Fomos recebidos pelo time da Sogrape Wine Academy, liderado por Ligia Maques DipWSET, Senior Educator SWA, e pela equipe de enologia da Herdade do Peso, incluindo Luis Cabral de Almeida, premiado como Enólogo do Ano de 2024 pela Revista de Vinhos. Uma verdadeira aula sobre a região seguiu-se de uma visita aos vinhedos e adega, com uma visão íntima de como estão transformando a produção local através de vitivinicultura sustentável e regenerativa, garantindo um futuro para a região e seus vinhos.
Depois, provamos em conjunto os quatro grandes vinhos da propriedade: Revelado, uma novidade de pouco tempo que mostra o brilho, a energia e a elegância possíveis de serem alcançados na região; Reserva, agora de cara nova, um clássico da propriedade que entrega a riqueza e concentração das variedades Alentejanas; Parcelas, também uma relativa novidade, que a cada ano mostra a qualidade brilhante de diferentes… ehm… parcelas dos vinhedos da propriedade; e o Ícone, um grande vinho, produzido apenas nos anos de melhor qualidade com lotes selecionados de vinhos da melhor qualidade.
Seguimos com um almoço de pratos típicos Alentejanos, escolhidos para combinar com uma seleção de vinhos da propriedade, o que nos deu um vislumbre da cultura gastronômica local e mostrou o poder de harmonização desses brancos e tintos vibrantes.
Casa Ferreirinha (Douro)
Ao final do dia, viajamos sentido norte rumo ao Porto, para que o dia seguinte pudesse começar cedo a caminho dos vinhedos mais famosos do grupo Sogrape, no Douro. Local de origem do famoso Vinho do Porto e dos vinhos tranquilos cada vez mais reconhecidos, essa é a região vinícola demarcada mais antiga do mundo.
Localizada no nordeste de Portugal, abrange 250.000 hectares de terreno acidentado, onde colinas e vales abrigam 44.000 hectares de vinhas distribuídas por 3 sub-regiões que são atravessadas pelo Rio Douro. Com uma diversidade única de microclimas, mais de 110 variedades de uvas coexistem em solos predominantemente de xisto, estendendo-se por uma paisagem em terraços esculpida pelo homem.
Saindo do Porto, fomos de barco (experiência altamente recomendada) até a Quinta da Leda para encontrar o enólogo Luís Sottomayor que, além de nos apresentar a história da propriedade, conduziu uma degustação de três versões do Quinta da Leda e da safra 2014 do Reserva Especial(parente próximo de outro ícone, o Barca Velha).
A degustação começou com o Quinta da Leda propriamente dito (um grande clássico do Douro, perfumado e intenso, poderoso, mas vivaz), e provamos também as versões mono-varietais, com apenas uma variedade de uva, pois o Quinta da Leda é um blend de ao menos quatro delas – Quinta da Leda Touriga Nacional e Quinta da Leda Touriga Franca, que mostram a beleza e a diversidade destas duas poderosas uvas do Douro: Touriga Nacional muito floral, muito elegante e refinada, enquanto Touriga Franca muito poderosa e estruturada.
Sobre o Reserva Especial é preciso dizer pouco: o grande vinho da Casa Ferreirinha, que nos anos mais longevos, de maior concentração e estrutura, é declarado o Barca Velha e nos anos de estilo mais pronto, mais imediato, se chama Reserva Especial. Um vinho incrível, generoso, com tanta elegância em meio a tanto poder e concentração.
Entre passeios com vistas impressionantes e refeições impecáveis, estávamos bem ambientados e bem acompanhados dos executivos do grupo – João Gomes da Silva, Chief Commercial Officer, Bernardo Carvalho, Head of International Sales AMEA, e Miguel Oliveira Pinto, Head of Sales, além de membros dos times de marketing, comunicação e educação da Sogrape, como Joana Bahia, Manuel Palhinha e Rute Monteiro, entre outros.
A experiência teve sequência na antiga residência da Dona Antonia Adelaide Ferreira, conhecida como “a Ferreirinha”. Ela viveu na Quinta do Porto, onde tivemos um tour guiado e pudemos conhecer um pouco mais da história da mulher que levou os vinhos da região do Douro para outro patamar. Não é de se surpreender que seu nome seja citado até hoje como referência mundial de liderança e transformação no mundo do vinho: Dona Antonia pagou pela construção de escolas e hospitais numa zona descuidada pelo governo, mudando a vida de inúmeras famílias e das futuras gerações.
Porto (Sandeman)
Já estávamos cogitando a vida em – e não só a visita a – Portugal quando chegamos para o último dia da imersão. Dessa vez, visitamos a Quinta do Seixo focados nos Vinhos do Porto da Sandemane guiados por Lígia Marques DipWSET, Senior Educator SWA. Antes de tratar dos vinhos do Porto, Lígia nos apresentou a equipe de Pesquisa e Desenvolvimento da Sogrape no Douro, com quem descobrimos o profundo trabalho para garantir o futuro dos vinhedos e também dos vinhos.
Com a colaboração de robôs, satélites e sensores para análises precisas dentro de cada parcela, a equipe desenha um cenário cada vez mais bonito para esse futuro.
Em seguida, descobrimos a linha do tempo do icônico Vinho do Porto Sandeman, passando pela exposição que conta a história do primeiro vinho a aplicar uma marca própria em seus barris (que depois viajavam para a Inglaterra fazendo “propaganda” da marca) e fizemos um exercício que demonstra a complexidade da produção na região: a tentativa de replicar a combinação de vinhos que faz o Sandeman Founders Reserve. Deliciosa e impossível missão.
No fim do dia, viajamos de volta para o Porto e fomos para Vila Nova de Gaia, na margem sul do Douro, em frente à cidade, para visitar as Caves do Porto Sandeman. Lá conhecemos e ouvimos do próprio George Sandeman, descendente direto do fundador da casa, também George Sandeman, histórias de família e sobre os vinhos, finalizando com um jantar harmonizado dentro da própria adega, em meio às barricas e balseiros, os antigos e enormes tonéis de vinificação.
Cuidadosamente, em cada região pudemos aperfeiçoar os aprendizados sobre as condições de cultivo e variedades das uvas, conhecer de perto os processos de viticultura e técnicas – das clássicas às modernas – e ver como os profissionais das vinícolas interpretam a natureza e adequam os processos de vinificação para preservar os terroirs e zelar por um futuro mais sustentável.
Experiências assim não acabam em si mesmas. Por aqui, já de volta, estamos conduzindo rodadas de treinamento e atualização com os times, para garantir que todos os parceiros e clientes não só adquiram vinhos de qualidade excepcional, mas também conheçam cada vez mais a jornada fascinante daquela garrafa e tudo o que ela representa.